quinta-feira, 22 de maio de 2014

Talvez

Talvez eu tenha 20 anos
Talvez mais 20
Talvez eu seja um aeroplano desnorteado
Talvez eu veja o mundo de lado, subindo e descendo adoidado
Talvez eu beije a minha própria testa
Pensando ser o espelho refletindo a cara de um curumim
O espelho é amigo sincero. O mais sincero de todos.
Talvez seja mistério não conseguir omitir a verdade escancarada na face envelhecida dos outros
Talvez seja adultério mentir o desejo de atrair um império
Talvez eu nem saiba do que penso que sei
E provavelmente não sei
Talvez o saber nem seja sábio
Talvez seja crepúsculo esse minúsculo ser habitando em mim
Quero olhar o sol a se pôr
Antes que seja tarde

(Carolina Uchôa)
Nenhum amigo é tão castigo como tu, Armando. Sei que a  proposta é das boas, mas não era pra teres aceitado, assim, tão de pronto. Ora, ora veja, se fosse o contrário eu talvez nem fosse tão teu amigo, não assim, castigo do teu presente - teu fim. Que fim terei terás teremos os três? Nada de flor dos cactos, que nem desse papo de planta eu gosto. Plantar galho na cabeça alheia é fácil, armando. estou decepcionado comigo contigo conosco. Ela também não será perdoada, jamais. Aliás eu só estou permitindo, querendo e requerendo tal desgraça por pura graça de vê-la rindo feito criança em dia de São Cosme e Damião. A danada gosta. Tu eu não sei, mas aposto. Eu sou um bosta, Armando. Isso vai ter que acabar um dia, viu Armando? Vai, sim. Ah, vai... Acabar comigo.

Carolina Uchôa
vai , meu bem, vem
meu benzinho, vem

vai e vem, vai e vem
ai, ai, ai
eu hein


é assim todo dia
ah, esse teu amor

é tanta covardia
sou homem feito criança
nas tuas mãos alegria
só sei dançar tua dança
pra longe a melancolia
meu Deus, esse meu amor
teu doce de melodia

vai , meu bem, vem
meu benzinho, vem

vai e vem, vai e vem
ai, ai, ai
eu hein

(Carolina Uchôa)



Ata-me em tua tez quando na nudez perfeita te mostras sem pudor e nenhum alvoroço. Engasgo engulo me rasgo e em carne vívida transformo meu ferimento de outrora. Ah, minha bela inestimável senhora, que me venha teu glorioso nirvana pós brasa, chama rasa, inflamável leveza que tanto pesa sobre meu viver sem graça sem ti, já não sei me ser se não te sei minha, amada rainha.

(Carolina Uchôa)

quarta-feira, 21 de maio de 2014





Vou ali morrer, rapidinho. Já volto.


(Carolina Uchôa) sobre suas crises epiléticas.

terça-feira, 13 de maio de 2014

ponto G

Despida me investigo até te achar no ´g´ do meu umbigo.

(Carolina Uchôa)