terça-feira, 25 de outubro de 2011

Escolhi a última barraca pela quantidade de mesas vazias, apenas duas estão ocupadas. Uma família com crianças alegres e bem comportadas ocupa uma. Na outra, um rapaz solitário bebe sua cerveja vestido de branco e um curioso chapéu panamá.
Sentei na mesa mais isolada. Bem próxima das ondas, buscando me sentir única ali.
Cá estou eu com meus miolos aflitos, tentando um minuto de solidão de frente para o mar, numa tentativa de refúgio defronte à maré,  até que ...Ops! Me chega um japonês esguio e esquisito, simpático, mas esquisito: - Ôla , eu poder senta com ti?.  Com um sorriso sem tempero e desarmado, tal o desespero, o coitado se balança: direita, esquerda, direita, esquerda. Com a cabeça inquieta, olhos fechadinhos e boca aberta, ele me olha, ainda sorrindo. Respondo um certo tempo depois - como boa observadora jamais poderia perder essa oportunidade - , com destreza e um inevitável sorriso: - Não, desculpa, digo, muito obrigada, mas é que, prefiro ficar só, tudo bem? Pausa. - Você entende? Conclui. Ele então fez sinal que sim e se foi, afinal. Que bom. Não sei, nem nunca vou saber qual o motivo da sua solidão aqui, porém a minha, sei que foi opcional. Desgustada, primorosamente curtida e saboreada gole a gole junto com esta cerveja - a segunda - que  tenho à mesa. As nuvéns vermelhas que o vento leva, passam sobre minha cabeça tão rápido quando meus pensamentos. Essa cena, por exemplo, o japa não viu. Quantas vezes na semana paramos pra olhar pro céu ou qualquer coisa contemplativa parecida? Vou embora pra casa com a sensação de que, a melhor companhia que eu poderia ter hoje, era mesmo a minha.
(carolina uchoa)

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